Quais os temas de redação da Fuvest mais complexos nos últimos anos?

Quais os temas de redação da Fuvest mais complexos nos últimos anos?

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 (iStock/iStock)

A prova de redação é, para muitos, a parte mais temida do vestibular. O tema é descoberto na hora e, por mais que o candidato domine o assunto, o recorte dado pela banca faz toda a diferença no direcionamento do texto.

A coletânea dá o tom da discussão que será apresentada e, junto com o repertório do candidato, forma o texto que será entregue. 

Nesse contexto, você já parou para analisar quais os temas deram mais dor de cabeça aos candidatos que prestaram Fuvest ao longo dos últimos anos?

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Conversamos com o professor e autor do Sistema de Ensino pH, Thiago Braga, para levantarmos quais os temas mais complexos propostos pela Fuvest nos últimos anos e explicarmos no que consiste a maior dificuldade de cada um. Confira:

2019: “De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente?”

O tema do ano passado trata da relação entre a valorização do passado e o entendimento do presente. Segundo Braga, ele pode ser considerado complexo por ser extremamente amplo.

“O estudante poderia decorrer sobre memória, fatos do passado e muitas outras coisas relacionadas ao tema. Por mais que os textos da coletânea possibilitassem um direcionamento, a abrangência poderia efetivamente prejudicar a tangência do tema”, explica. 

Diversos raciocínios que o estudante construísse para desenvolver o texto poderiam gerar a fuga do que foi proposto, e a banca é bastante criteriosa a respeito disso. Outra dificuldade era fazer a própria conexão entre o passado e o presente.

2016: “As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?”

“O tema de 2016 também entra na lista porque fala de utopia, o inalcançável, o não-lugar. A complexidade do próprio conceito já torna difícil seu desenvolvimento”, diz Braga. 

Poderia ser complicado para o candidato entender a relação filosófica da utopia com a realidade. “O estudante pode ter dificuldade de chegar na ideia de que o ser humano pode mirar no impossível para alcançar, dentro do possível, o máximo de possibilidades”, explica.

Por ser algo filosófico e genérico, a proposta também fazia o estudante correr o risco de não escrever sobre o que a banca propôs. 

2015: “‘Camarotização’ da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia”

“O tema de 2015 tem uma complexidade ligada a uma não definição do próprio tema sobre qual parte da sociedade é ou está sendo ‘camarotizada’, dando, novamente, um caráter muito genérico à proposta”, diz Braga. 

Por ser um tema que dá muitas possibilidades, quando o candidato se vê diante disso há uma tendência de ele não conseguir desenvolver uma linha de raciocínio coesa no texto. 

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2011: “O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?”

O tema de 2011, “O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?”, carrega uma dificuldade natural que é o conceito de pensamento a longo prazo. Para Braga, o estudante precisaria determinar o que seria esse tempo. 

Ele precisava se desprender de um pensamento comum para delinear uma linha de trabalho que possibilitasse a construção da dissertação. 

2010: “Imagem e Realidade”

De todos esses temas elencados até agora, o de 2010 (“Imagem e Realidade”), segundo o professor, foi certamente o mais difícil. 

O estudante deveria escolher imagens que são construídas sobre pessoas, fatos, livros, instituições ou situações, tendo como base a afirmação de que é comum substituir o real e o imediato por essas imagens. Em resumo, a banca pedia a construção de uma relação entre essas imagens e a realidade de fato. 

“A complexidade do tema proposto fala por si. Os textos da coletânea falam sobre imaginação simbólica e como nós não nos relacionamos diretamente com a realidade.” 

Braga explica que, primeiro, o candidato deveria ter uma capacidade de abstração e de análise muito alta. Depois, pragmatismo para transformar suas ideias em uma abordagem prática no desenvolvimento do texto. E tudo isso com argumentações fundamentadas na linha de raciocínio construída.

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